Há um edifício de escritórios em Lisboa em que a saída é no oitavo andar. Há um declive, uma discrepância no solo sobre o qual foi construído que produz a anómala circunstância de se sair sempre no oitavo andar. Sair no oitavo andar parece um pouco ousado. Disse-lhes, uma vez, que o escritório deles me faz lembrar o filme que se passa na cabeça de alguém que é actor no filme e fora do filme. O absurdo a que pode chegar o ego quando se é actor, extraordinário, e se entra num filme em cujos créditos se lê John Malkovich as Himself, não é de todo desprezível. Há egos que não cabem no mundo, e nunca apareceram num filme “as themselves”. Se alguém quisesse entrar na minha cabeça eu diria que não. Por isso é que as pessoas que entram na minha cabeça o fazem sem pedir autorização. Quando entro na cabeça de alguém entro de mansinho, não peço porque não gosto de ouvir não. Faço esse tipo. Ninguém me pode dizer que não.
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